O feminicídio é
um crime motivado unicamente pelo fato da vítima ser mulher.
O projeto, aprovado na Câmara dos Deputados, prevê
prisão de 12 a 30 anos.
Fernando Moreira
Belo Horizonte
A
Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira (3), o projeto de lei que torna o
feminicídio um crime hediondo. Essa punição mais severa vai valer toda vez que
uma mulher for morta por causa de violência doméstica, sexual ou familiar. Para
virar lei, este projeto precisa ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff.
A
Isabella tinha 22 anos quando ela e os filhos gêmeos de dois meses foram
assassinados no interior de São Paulo. A jovem queria que o empresário
Matusalém Ferreira Junior reconhecesse a paternidade das crianças. Ele é o
suspeito de ter mandado matar os três. "A família luta por justiça e
espera que essa dor que a gente tá sentindo e que esse epsódio trágico não se
repita em família nenhuma", afirma Marcos Vinicius Marques, primo de
Isabella.
A
Maria Islaine é outra vítima da violência doméstica. Ela foi assassinada a
tiros pelo ex-marido quando trabalhava em um salão de beleza. Ela já tinha
procurado a polícia oito vezes para denunciar o companheiro.
A
nova lei aprovada torna hediondo o crime de feminicídio, que é o assassinato de
mulheres. A lei também inclui esse tipo de crime no Código Penal. O feminicídio
é definido como crime de gênero, ou seja, quando há violência doméstica, sexual
e familiar ou menosprezo e discriminação contra a condição de mulher.
O
projeto prevê pena de prisão de 12 a 30 anos. A penalidade pode ser aumentada
de um terço até a metade se o crime for praticado durante a gestação ou até
três meses após o parto ou, ainda, se for cometido na frente de filhos ou
parentes da mulher.
"É
importantíssimo. O Brasil é um dos poquíssimos países, se não for o único da
América Latina e do Sul, que não tipifica como crime hediondo o crime contra as
mulheres por razões de gênero", afirma a ministra da Secretaria de
Políticas Para Mulheres, Eleonora Menicucci de Oliveira.
"O
que a gente defende é combater a impunidade, ou seja, é propiciar ao Estado uma
estrutura maior e melhor de investigação. Então, eu estou dizendo estruturar a
polícia, aumentar o número de efetivo da polícia e do judiciário", diz o
advogado criminalista, Marcelo Peixoto.
Lei Maria
da Penha
Estudo do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea) diz que a lei Maria
da Penha reduziu em 10% o número de casos de homicídio de mulheres dentro de
casa no Brasil. Para o Ipea, a lei ainda precisa atingir de forma mais uniforme
todo o território brasileiro.
A
lei 11.340, conhecida como Maria da Penha, está em vigor desde 2006. Ela tenta
coibir a violência contra a mulher, como no caso de Fernanda Santiago, de 30
anos, que mora em Sorocaba, no interior de São Paulo. Ela tenta se recuperar da
agressão sofrida na porta de uma boate, em 2014, em São Roque, interior de São
Paulo. Anderson de Oliveira deu uma cotovelada nela após uma discussão. Ela
desmaiou e teve traumatismo craniano. O comerciante está preso por tentativa de
homicídio qualificado.
Em
Natal, foi aprovada, na terça-feira (3), uma lei municipal que garante
afastamento remunerado para servidoras municipais vítimas da violência sexual,
familiar ou doméstica. A Prefeitura vai continuar pagando o salário para a
servidora por até seis meses.
O projeto, aprovado na Câmara dos Deputados, prevê prisão de 12 a 30 anos.
Estudo do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (Ipea) diz que a lei Maria da Penha reduziu em 10% o número de casos de homicídio de mulheres dentro de casa no Brasil. Para o Ipea, a lei ainda precisa atingir de forma mais uniforme todo o território brasileiro.
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