No imaginário popular, uma pessoa com a
doença de Parkinson geralmente é alguém com idade mais avançada e tremores nas
mãos e nos braços. A cientista Danielle Lanzer, de 40 anos, contraria esta
expectativa.
Diagnosticada aos 36 anos, Danielle tem o
chamado Parkinson precoce, o mesmo que atingiu o ator Michael J. Fox, da
franquia de filmes “De Volta para o Futuro”. Entre os primeiros sintomas e o
diagnóstico foram seis anos. “Os primeiros sintomas motores que senti
aconteceram pouco depois de uma cirurgia de apendicite. Comecei a ter
dificuldade em fazer alguns movimentos que pediam precisão, de coordenação
motora fina, e comecei a sentir também um leve tremor na mão esquerda. Com o
tempo foi piorando, mas eu estava fazendo meu doutorado e acabei deixando um
pouco de lado”, conta.
Dois
anos depois, já com os movimentos mais comprometidos e uma constante fadiga, a
cientista começou a investigar a causa com vários médicos. “O primeiro
diagnóstico foi de tremor essencial, que é um tipo de distúrbio motor que
acomete principalmente pessoas jovens, abaixo de 40 anos. Mas, com o tempo,
minha condição foi piorando e já estava bem deprimida por me sentir limitada
por causa da minha capacidade motora”. Em 2011, Danielle foi cursar o pós-
doutorado nos Estados Unidos e a situação já era grave. “Quando voltamos, já
tinha perdido minha expressão facial, as pessoas quase não ouviam o que eu
falava e tinha muito problema para deglutir, principalmente líquido”, relembra.
Com mais uma bateria de
visitas médicas e exames, Danielle foi diagnosticada com Parkinson. E aceitar a
condição não foi fácil. “Eu escondia isso de todo mundo. Sentia-me inferior
pela minha dificuldade. Tinha receio de ser excluída do meio. O diagnóstico
para mim foi o fim. Saí do consultório em choque, perdida, vagando pelo
hospital. Só chorava. Fiquei um mês sem aceitar que eu tinha Parkinson, sem
tomar o medicamento”. A dificuldade em aceitar a confirmação da doença levou
Danielle a procurar um novo especialista. “Continuei procurando médicos
especialistas em distúrbios de movimento, na esperança que ele me dissesse que
eu não tinha a doença, mas foi confirmado novamente. Imaginei que iria tomar a
medicação e que voltaria ser o que era antes. O médico me disse que não, que
basicamente o medicamento funcionaria para retardar o processo da doença que é
progressivo. E que em alguns casos, o medicamento ajudaria a recuperar aquilo
que tinha perdido”.
Nesta época, a cientista
não conseguia mais escrever o próprio nome. “Isso aconteceu bem na época da
transição do cartão de crédito com chip e para mim foi um alívio, me sentia
constrangida em lugares que eu precisava assinar o recibo, não era mais a minha
assinatura. Quando eu passava cheque, o pessoal do banco me ligava achando que
eu não era mais minha assinatura”, relembra. Com o medicamento correto, ela
conseguiu recuperar parte dos movimentos e voltou a escrever. “Eu brincava na
época que estava tão feliz de poder voltar a escrever, que eu queria assinar
meu nome até nas paredes”.
Convivendo com a doença,
Danielle começou a procurar outros pacientes jovens. E isso a motivou a criar
um projeto chamado Vibrar Parkinson. Para suprir a carência de
informações e da falta de conhecimento da população sobre o Parkinson e
auxiliar na melhoria da qualidade de vida dos parkinsonianos. Apesar de ser a
segunda doença neurodegenerativa em número de casos, a maioria desconhece os
aspectos e sintomas da doença e ainda há aqueles que a confundem com outras
patologias. “Me ajudou muito montar o projeto e começar a ter contato com
outros pacientes. Antes eu não conseguia nem completar a palavra Parkinson, no
Pa eu já começava a chorar. Fui me fortalecendo nesse período e conviver e ver
a as necessidades de outras pessoas, o Parkinson é uma doença muito complexa, e
a doença de cada um é muito diferente. Cada um tem um conjunto dos sintomas com
evolução diferente”, explica.
Atendimento - O Sistema
Único de Saúde promove atendimento gratuito aos parkinsonianos de acordo com o
Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica do SUS para pessoas com Doença de
Parkinson, publicado pela portaria nº 228, de 10 de maio de 2010. Alguns
medicamentos estão disponíveis gratuitamente, são eles: Levodopa/carbidopa;
Levodopa/benserazida; Bromocriptina; Pramipexol; Amantadina; Biperideno;
Triexifenidil; Selegilina; Tolcapona e Entacapona.
Fonte: Gabriela Rocha/ Blog da Saúde
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