MC Marcelly lança o clipe Não se brinca com mulher para
alertar sobre o crime de violência contra a mulher. A canção é uma homenagem à
dançarina de funk morta pelo noivo.
Funkeira
lança novo disco e aborda temas como assédio e violência contra a mulher. Foto:
Reprodução/Facebook
A funkeira MC Marcelly, de 23 anos, deu uma repagina na
carreira e lança o clipe Não Se Brinca Com Mulher,que chama a atenção para
a violência doméstica, além de prestar homenagem à ex-integrante do grupo Jaula
das Gostosudas Amanda Bueno, que foi assassinada a tiros pelo noivo no Rio de
Janeiro. A canção faz parte do disco Dona da Noite, que marca a estreia de
Marcelly na Universal.
Confira os shows no roteiro do Divirta-se
"Essa música é uma homenagem a Amanda, Bruna, Isabele e todas as mulheres
que sofreram violência doméstica e humilhação moral e psicológica", explica
a cantora. "A gente vive em um país muito machista, onde as mulheres são
colocadas em segundo plano e não possuem os mesmos direitos que os
homens", alerta.
O disco Dona da noite é composto por 14 faixas,
sendo dez inéditas. Nesse álbum, Marcelly incluiu o hitBigode grosso, que
a projetou nacionalmente em 2014. A funkeira carioca começou a cantar aos 15
anos e diz que não imaginava um dia ter uma carreira. "Via vários CDs nas
lojas e nunca pensei que estaria ali", relembra. O disco começou a ser
produzido em janeiro. Somente em abril ocorreu o crime que levou à morte da
dançarina Amanda Bueno. "Quando ouvi a canção estava muito recente e
pensei logo nela, que era minha amiga, e decidi colocar a canção no CD",
comenta.
O novo show de Marcelly vai estrear em janeiro, no Rio de Janeiro, depois segue
em turnê pelo Brasil. "Tenho muita vontade de conhecer o Recife. Adoro o
sotaque de vocês", elogia.
Relembre o caso de Amanda
A ex-integrante do grupo Jaula das Gostosudas Amanda Bueno foi assassinada a
tiros dentro de sua casa, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no dia 16 de
abril. Imagens de uma câmera de segurança da casa comprovaram que ela foi
brutalmente assassinada pelo noivo, Milton Severiano, conhecido como Miltinho
da Van.
Por que optou por abordar temas mais sérios nas suas letras?
Quis vestir essa camisa e resolvi apostar nessa música. Precisei pesquisar e me
aprofundar no assunto. Fiquei horrorizada com os números e como as pessoas
ainda não entendem que a lei (Maria da Penha) ampara a mulher que passa por
situações semelhantes. Quero aproveitar que falo para muita gente e
despertar uma conscientização para assuntos poucos comentados.
Você ou algum familiar já sofreu violência doméstica?
Não. Graças a Deus. Brigas toda família tem. Mas agressões e violência nunca
aconteceram na minha casa. Eu vim de comunidade, a gente vê isso muito de
perto. A violência em geral. Mas na época era muito nova. Hoje tenho
consciência e quero contribuir para que as pessoas tenham direitos iguais,
educação e uma vida digna.
Canções de apelo social são mais difíceis de fazer sucesso?
De certa forma sim. A gente nada na contramão. Pois o funk é muito alegre, uma
música para cima e em clima de festa. Mas nesse novo CD queria incluir uma
faixa sobre isso. Também tem Roda gigante (autoral), que é um rap
consciente sobre os "amigos" que nos cercam e só servem para te
atrasar. E ainda Cara mala, sobre mulheres que sofrem assédio
masculino, que pensam que podem meter a mão só porque a mulher está dançando.
Antes e
depois da MC Marcelly: funkeira mudou estilo de vida e emagreceu 11kg para
enfrentar a rotina de shows.
Foto: Reprodução/Facebook
Você mudou o estilo de vida e apareceu mais magra. Como
foi essa transformação?
Emagreci 11kg, mudei totalmente o estilo de vida. Tinha uma rotina maluca,
passava a madrugada acordada e comia X-tudão, esfirras, hot dog após os shows.
Engordei bastante e me sentia mal no palco, perdia o fôlego com facilidade.
Dormia o dia todo e ainda acordava cansada. Decidi parar e me cuidar. Deixei de
comer fritura, massa, refrigerante e açúcar, comprei uma esteira e comecei a
querer mudar aquele quadro para ter um condicionamento físico melhor. Nunca fui
muito vaidosa. Comecei a ter disciplina por causa agenda de shows. Qualquer
mulher gosta de estar mais magra. A roupa tem um caimento melhor, as pessoas
elogiam como você está bonita. Isso melhorou minha auto estima e ajudou a
manter o foco. Hoje, criei gosto de me cuidar. Adoro ver tutorial de maquiagem
no YouTube.
Musicalmente em que artistas se inspira?
Comecei a trabalhar muito cedo e não tive aquele momento de adolescente de ter
ídolos. Engraçado, que não tenho muitas inspirações para meu som. Tem muitas
artistas que admiro, como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Beyoncé, Rihanna,
Ariana Grande e outras. Mas tento levar sendo eu mesma, sem copiar o estilo de
uma ou de outra. Quero ter minha própria cara.
Nesse disco você se afasta do funk proibdão e parte para letras mais leves. Por
que essa escolha?
Eu cantava a realidade que eu via todos os dias lá no Complexo do Alemão. Se eu
morasse na beira da praia ia falar sobre o mar, as ondas e outros assuntos.
Cantei muitos proibidões sim, apelo ao sexo ou apologia. Mas aí você vai
conhecendo outros mundos, se modificando e aprendendo a fazer funk para as
crianças ouvirem e para entrar na casa de todo mundo. A partir de agora, a
gente está tentando fazer uma coisa mais limpa. Pediram para eu pegar mais leve
nas letras para ter menos rejeição. Por que ainda existe o preconceito contra o
funk. Mas não vou deixar de tocar meu som por causa dessas mudanças.
Publicado em: 29/10/2015
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