Uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
investiga as causas de mulheres com sobrepeso desenvolverem diabetes
gestacional e pré-eclâmpsia (pressão alta) durante a gravidez com mais
frequência que as mais magras. O estudo visa a ajudar os médicos a identificar
mais precocemente os problemas na gestação antes que eles apareçam, além de
melhorar o tratamento.
Segundo Silvia Daher, coordenadora do Laboratório de Obstetrícia
Fisiológica Experimental da Unifesp, as primeiras descobertas do estudo, que
começou por volta de 2010, estão ligadas a duas substâncias produzidas
principalmente por tecido adiposo, aquele que aumenta conforme a pessoa
engorda.
Descobriu-se que a substância adiponectina, responsável pela
diminuição da glicemia, estava presente em menor quantidade nas mulheres com
sobrepeso. Isso significa que esse grupo tem mais chance de aumento da
glicemia. “Assim, pode-se ter mais inflamação”, explicou Daher.
Outra substância investigada foi a leptina. A pesquisa constatou
que ela estava presente em maior quantidade entre as mulheres com sobrepeso.
“Apesar de ser inicialmente definida como hormônio da saciedade, quando aumenta
demais [a leptina] não tem mais esse efeito. Mexe nos mecanismos imunológicos e
piora toda a inflamação e resistência à insulina”, afirmou a pesquisadora.
De acordo com Silvia, a mulher com
sobrepeso tem IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 25 e, a
partir de 30, é considera obesa. O sobrepeso duplica a chance de
desenvolvimento da pressão alta na gravidez. “A mulher tem mais chance de ser
uma hipertensa [posteriormente à gravidez] e a criança também sofre problemas.
É causa de morte materna e de óbito fetal, um problema bastante grave”.
O sobrepeso ainda restringe o crescimento do bebê, fazendo com
que ele nasça abaixo do peso. Silvia explicou que, nesses casos, há mais chance
de parto prematuro.
As mulheres com sobrepeso têm também quatro vezes mais chance de
desenvolver diabetes gestacional, ou seja, caso em que a doença se manifesta
mesmo que a paciente nunca tenha sido diagnosticada com diabetes antes. Segundo
a pesquisadora, há também risco de que a gestante passe a ter diabetes tipo 2
após o nascimento da criança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário