segunda-feira, 18 de maio de 2015

18 de maio, um dia para lembrar que a luta é constante.


                                                   Araceli Cabrera Crespo
Ricardo Furtado
É psicólogo (CRP 23/542), pedagogo, especialista em Violência e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, atua no Serviço de Atenção Especializada a Pessoa em Situação de Violência Sexual (Savis), do Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR).
ricardopsicologo@live.com
A data era 18 de maio de 1973, a cidade Vitória, capital do Espírito Santo, a vitima, uma menina de oito anos chamada Araceli Cabrera Crespo, que teve sua vida interrompida em decorrência da violência. Conta-se que no dia a menina deixou a escola mais cedo a pedido de sua mãe para fazer a entrega de alguns envelopes (supostamente com drogas) em um bairro nobre da cidade, pois nos registros mostram que sua mãe era uma traficante boliviana. No local da entrega, Araceli foi atacada por alguns jovens drogados, que a violentaram, espancaram e tiraram sua vida.

O corpo foi encontrado dias depois, a perícia levantou várias hipóteses, porém o caso nunca foi solucionado. Acredita-se que o crime ficou impune devido a influência das famílias dos envolvidos que até hoje não foram identificados, e o “Caso Araceli” como é conhecido ainda permanece um mistério, causando revolta, medo e sensação de impotência, mesmo após 41 anos, nos habitantes da cidade.

Através da aprovação da Lei Federal n 9.970/2000, o dia 18 de Maio ficou definido como “Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”. O caso Araceli se tornou símbolo de uma luta constante, pois infelizmente ainda ocorrem inúmeras situações nos dias atuais.

Conforme já publiquei aqui, o abuso sexual é sem dúvida uma das piores formas de violência cometida contra nossas crianças e adolescentes, envolve uma diversidade de sentimentos e geralmente é praticado por uma pessoa mais velha, que exerce poder sobre essas vitimas (muitas vezes familiares, amigos, vizinhos, dentre outros).

No abuso sexual, as crianças e adolescentes, por estarem em estágio de desenvolvimento diferenciado do agressor, às vezes não conseguem entender o contato sexual inadequado ou se esquivar dele, por diversas situações, sejam elas psicológicas ou sociais. O abuso é a utilização do corpo de outra pessoa para satisfação sexual pessoal.

A exploração sexual por sua vez esta relacionada ao caráter mercadológico da prática sexual com menores de 18 anos, ou seja, quando se paga para ter sexo, em suas diferentes configurações. Ambas as situações são consideradas crimes de violência sexual.
contamos com uma rede de apoio especializada, que vão desde Ongs, Instituições Públicas, Serviços de Saúde, Centros de referência Especializados de Assistência Social – CREAS, Polícia dentre outros. As denúncias ainda podem ser feitas de forma anônima para o Disque 100, um serviço federal que funciona diariamente e recebe queixas de todo Brasil.

Em Palmas, contamos ainda com o Serviço de Atenção Especializada à Pessoa em Situação de Violência Sexual – SAVIS, que funciona no Hospital e Maternidade Dona Regina, 24 horas ininterruptas, para atendimento em Urgência e Emergência, acompanhamento Médico e Psicossocial dos casos identificados.

Essa é uma luta diária, a intenção da data é sensibilizar e convocar toda a sociedade para importância de se denunciar esses casos e proteger nossas crianças e adolescentes, fazer com que as responsabilidades sejam apuradas e assim termos um mundo mais justo e feliz.