Um idoso também pode sofrer esse tipo de abuso psicológico quando um filho o manipula para fazer com que ele se volte contra outro filho.
Geralmente associamos o termo “alienação parental” ao caso de
filhos que são manipulados por um dos pais para que se voltem contra o outro
genitor, principalmente após uma separação. Mas esse afastamento intencional
pode acontecer também com idosos e é tão prejudicial a eles quanto é às
crianças. A motivação, no caso dos idosos, é na maioria das vezes relacionada a
uma disputa por herança.
A psicóloga
clínica Larissa Canan explica que o termo “alienação” significa a diminuição da
capacidade dos indivíduos em pensar ou agir por si próprios. Por isso, essa
síndrome é comum nesses dois grupos. “A alienação frequentemente é sofrida por
pessoas idosas e crianças, pois são seres mais desprovidos de capacidade
de decisão. É um abuso psicológico praticado pelo alienador”, diz.
Enquanto a alienação parental com crianças tem o objetivo de
obter a preferência do amor dela, no caso dos idosos raramente há um fundo sentimental. E
como perceber que está ocorrendo um caso de alienação com um idoso? Ivone
Zeger, advogada especialista em Direito de Família e Herança, explica que os
fatores que demonstram que um idoso está sendo vítima desse tipo de alienação
podem ser percebidos pelo comportamento daquele que está alienando.
Ela
exemplifica com uma história: “Um dos filhos passa a auxiliar os pais no
pagamento de suas contas, utilizando o próprio valor que eles recebem de
aposentadoria. Ele os ajuda a administrar esses recursos e está sempre presente
no cuidado diário deles. Repentinamente um outro filho passa a se interessar
por isso, pensando que aquele irmão está se aproveitando do dinheiro dos pais e
imagina que deve ter parte naqueles valores. Então começa a colocar os pais
contra o irmão que costumeiramente cuida dos pais, afastando-os e tomando a
frente das decisões”, conta.
Segundo a
advogada, nesse cenário os pais podem começar a se revoltar contra aquele que
esteve sempre por perto até cortar relações. Pode acontecer até mesmo que
testamentos sejam alterados, para que o filho que induziu a alienação passe a
ter maior participação na herança. “Diante dessa série de mudanças, o filho que
foi afastado dos pais pode recorrer à Justiça para reverter a situação, antes
que o alienado seja interditado e aí não tenha mesmo como responder por si”,
explica.
Há também fatores percebidos no próprio idoso que podem dar
indícios de que um dos filhos está abusando psicologicamente dele, segundo
Larissa. Além da revolta contra o filho que até então o ajudava, o idoso passa
a rejeitar também outros parentes. “Ele pode apresentar também sinais de
depressão, isolamento e até confusão em relação aos seus próprios sentimentos
em relação ao alienador”, diz. “Sentimentos de amor e ódio, podem existir em
relação ao alienador por muitas vezes ele apresentar atos de agressividade
contra esse idoso”, completa.
Ações
protetivas
E o que fazer
em casos de alienação? Além da busca por um apoio jurídico, é preciso que haja
também ajuda psicológica ao idoso. Dependendo de quanto tempo faz que o idoso
está sofrendo esse tipo de abuso psicológico, é possível reverter a situação.
“O idoso muitas vezes consegue retomar a confiança nos outros filhos e
parentes, desde que esses também se esforcem para estarem presentes no
dia-a-dia desse idoso”, comenta Larissa. “É importante tocar nesse assunto,
porque por serem idosos, nem sempre as pessoas veem esse abuso psicológico como
uma alienação e nem sempre buscam ajuda”, completa Ivone.
POR: Angélica Favretto
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