quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Uma pessoa trans é morta a cada 48 horas no Brasil

Em 2017, foram 185 mortos, maior número já registrado por observatório de violência trans. No mês da Dia da Visibilidade Trans, Ponte publica série especial

Em 2016, o Brasil havia assumido o posto de recordista em números absolutos de homicídios da população trans, com 144 mortes, sendo São Paulo o estado com o maior número reportado de homicídios. Com os dados fechados, 2017 superou o ano anterior: 185 assassinatos.
Os dados são do Dossiê: A carne mais barata do mercado, lançado no início deste ano, com dados do Observatório da Violência mantido pelo site Observatório Trans.
O site mantém a seção com dados atualizados em tempo real das mortes em 2018, baseados em informações de sites de notícias e redes sociais. Até 17 de janeiro, foram 4 assassinatos.
Tanto o dossiê como o Observatório da Violência são elaborado por Sayonara Naider Bonfim Nogueira, professora da Universidade Federal de Uberlândia, especialista em coordenação pedagógica, e Euclides Afonso Cabral, professor da Universidade Federal de Uberlândia, especialista em educação para jovens e adultos, em janeiro de 2018, que são integrantes do Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), formado por professores travestis e transexuais.

No mês em que se comemora o Dia Nacional da Visibilidade Trans, em 29 de janeiro, a Ponte publica, a partir de hoje, uma série de reportagens sobre o tema, incluindo sete perfis de pessoas trans originalmente produzidos para o meu livro TRANSRESISTÊNCIA, escrito no ano passado como trabalho de conclusão do curso de jornalismo do Fiam-Faam Centro Universitário.
Brutalidade
A transfobia, preconceito baseado na identidade de gênero, permeia a motivação principal destes crimes brutais: 95 das mortes foram por tiro, 32 por facadas e 20 por espancamento. O perfil das vítimas é bem parecido: 95% das vítimas fatais eram mulheres trans ou travestis, 42% eram negras e 120 eram profissionais do sexo.
Em 2008, quando as mortes começaram a ser registradas, o número de assassinatos foi contabilizado em 57 homicídios.


Campeão de mortes em números absolutos, o Brasil ocupa o terceiro lugar do mundo quando se leva em conta o número de pessoas trans assassinadas a cada 100 mil habitantes, segundo o Dossiê do IBTE. Em números relativos, o campeão mundial é Honduras, seguido por El Salvador e Brasil.
A profissão das transgêneras assassinadas demonstra uma realidade de toda a população T, que precisa recorrer a trabalhos informais para sobreviver. De acordo com a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 90% da população trans está na prostituição.
A região Nordeste é a líder nos assassinatos, concentrando 39% dos casos. Depois vem o Sudeste, com 33%. Os estados que mais tiveram assassinatos da população trans no ano passado foram: São Paulo (21), Minas Gerais (20), Bahia (17), Ceará (16), Rio de Janeiro (14), Pernambuco (13) e Paraíba (11). Todos os estados brasileiros contam com ao menos uma morte, como é o caso de Acre, Roraima, Amapá e Rio Grande do Norte.
Paloma Vasconcelos

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